Pois então, eis que ontem, num papo casual com o Thiago na volta da produtora, adentramos um assunto que muito me chama a atenção. Trata-se da questão de assumir a música como carreira ou como hobby.
Para mim, nunca tive em mente que teria de ir para um lado ou outro. Era música e ponto. Ia ter de dar um jeito. Alguns anos futricando, aprendendo muita coisa na marra, gravando toscamente, comprando equipamento, e um dia tudo se encaminhou: pintou o emprego na produtora e finalmente aterrisei na carreira que tanto almejava.
É claro que tendo vivido sempre com esta meta, sempre me perguntava porque outros amigos músicos, alguns incrivelmente capacitados, não seguiram esta estrada. Sem ter de pensar muito, posso puxar da cabeça pelo menos 3 exemplos muito fortes disso: o Guilherme e o Cláudio na guitarra e o Vinícius no teclado. Qualquer um desses caras teria lugar em alguma banda (profissional, não de garagem) em qualquer lugar do mundo. Mas preferiram optar pelo direito, a engenharia e a publicidade. Claro que é totalmente injusto cobrar dos caras que coloquem a música como opção de carreira número 1, afinal sei que todos nutrem profundo interesse em suas áreas de trabalho, e não simplesmente cairam nelas por falta de oportunidade de escolha.
Mas no papo com o Thiago, o que veio a tona foi a questão de como em apenas uma geração de diferença, a crueldade da Seleção Natural na música ("Seleção Musical") foi abrandada pelo desenvolvimento tecnológico. Em uma geração anterior á nossa, não havia acesso tão simples a mais do que o instrumento em si (que era mais caro). Não havia tablatura na internet, software de gravação, Reason, controlador MIDI, interface de áudio, etc.
Agora, o Guilherme pode ter sua carreira de advocacia enquanto tranqüilamente em suas horas vagas grava guitarras, baixos e programa baterias de sons da nossa saudosa Burnin' Boat com os equipamentos que vai adquirindo, e pode assim que quiser hospedar as faixas em um My Space e ter uma galera curtindo. Fosse uma geração antes, ele provavelmente já teria vendido a guitarra, pois os integrantes da banda já teriam ido cada um para seu lado e provavelmente não teria muita graça ficar apenas ligando a guitarra no amp para ficar tocando sozinho no quarto.
Sempre vai ter o lado ruim da história que é a proliferação incrível de gente sem talento achando que sabe tocar, gravar, produzir. Mas gente sem talento sempre vai ter lugar na indústria fonográfica de qualquer jeito.
Seleção Musical
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Worldengine
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05:03
sábado, 29 de novembro de 2008
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seleção natural música produção carreira
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